
Fui daqueles que sempre me insurgi contra a promiscuidade entre a política e o futebol e vice-versa. Nesse sentido, habituei-me a admirar Rui Rio, actual Presidente da Câmara Municipal do Porto que não obstante ter denunciado essa situação, ainda em campanha, conseguiu ganhar as eleições autárquicas naquela cidade, em 2002, contra o candidato do Partido Socialista, Fernando Gomes que tinha o apoio do Presidente do Futebol Clube do Porto, Pinto da Costa.
Durante os dois mandatos de Rui Rio, a promiscuidade com o Futebol Clube do Porto estancou e, por isso, louvo a sua isenção e coragem, porque não era qualquer candidato à Câmara do Porto que se insurgiria contra Pinto da Costa.
Lamento que o Presidente do maior Clube português, Filipe Vieira, não lhe siga o exemplo, abstendo-se de participar em actos de natureza política, como aconteceu nas últimas eleições Legislativas, ao conceder oficialmente e publicamente o seu apoio a José Sócrates.
Mas não satisfeito com esta sua aparição pública, apoiando o Partido Socialista e o seu candidato a Primeiro-Ministro, José Sócrates, veio agora de novo, repetir essa aparição pública, desta vez a dar o seu apoio ao candidato Socialista à presidência da Câmara Municipal de Lisboa.
Luis Filipe Vieira está a cometer um grave erro, ao não adoptar uma posição de completa neutralidade e isenção face às forças políticas.
Por muito que o Presidente do Benfica explique que o apoio é pessoal, ninguém é ingénuo para não compreender que o seu nome será sempre reconhecido e associado ao cargo que ocupa na Instituição Benfica.
Pessoalmente, sempre achei que Luis Filipe Vieira era suficientemente expedito e inteligente para não se deixar enlear neste tipo de iniciativas partidárias porque apenas deve comparecer em representação do Benfica, em eventos onde todos os benfiquistas se sintam representados.
Nos milhões de adeptos e simpatizantes do Benfica, há cidadãos de todas as tendências políticas, pelo que ao dar apoio ao Partido Socialista, está a trair todos os benfiquistas que não se revêem naquele Partido e, para além disso, está a pôr em causa uma futura boa relação institucional com outro Presidente, se António Costa não ganhar.
Luis Filipe Vieira devia ponderar muito bem sobre as exigências do seu cargo e jamais aceitar participar desta promiscuidade que envolve a política e o futebol porque é a sua credibilidade e isenção que está em causa; para além disso, todos os benfiquistas merecem ser representados com dignidade e total isenção, devendo o Presidente do Benfica ponderar a sua demissão caso não consiga cumprir esse seu dever.
Como simpatizante do Benfica, condeno a atitude do Senhor Luis Filipe Vieira, não obstante o ter apoiado, incondicionalmente, em todas as decisões que tomou sobre a vida do Clube.
Uma coisa é certa, já que Luis Filipe Vieira não sabe quais são os deveres inerentes ao seu cargo, alguém com responsabilidades no Clube, deve lembrar-lhe, com a máxima brevidade, esses deveres.