
Um grande campeão
A história do grande campeão norte-americano não pode ser contada sem lembrar a doença que lhe mudou a vida. Bem pelo contrário, é uma história que se construiu sobretudo desde esse dia 2 de Outubro de 1996, quando Armstrong descobriu que tinha um cancro no testículo esquerdo, depois de durante algumas semanas ter observado com alguma preocupação uma grande inflamação na virilha, ter vomitado sangue, ter enxaquecas e ter perdido diversas vezes a visão.
Para além do testículo deformado por um cancro do tamanho de um limão, os médicos descobriram também uma dúzia de tumores nos pulmões e dois no cérebro, alguns do tamanho de bolas de golfe.
Antes desta trágica doença, o jovem Armstrong já se havia consagrado campeão de triatlo, já se tinha tornado o mais jovem vencedor de sempre numa etapa do Tour e o mais novo campeão do Mundo de estrada, em 1993, com apenas 21 anos, à frente de Miguel Indurain, demonstrando uma força e um talento que só os predestinados e os grandes campeões possuem.
Mas Armstrong estava determinado a vencer a doença e os prognósticos dos médicos que não lhe davam mais do que 20 por cento de hipóteses de sobreviver mais um ano e entregou-se de alma e coração, durante meses, às agressivas sessões de quimioterapia, vendo definhar e atrofiar o seu belo corpo.
A sua vontade de vencer a doença era tão forte que numa entrevista afirmou: "enganáste-te na pessoa ao escolheres um corpo para viver; cometeste um erro ao escolheres o meu". E de facto Armstrong não permitiu que uma doença tão grave o conseguisse vencer.
Mas como uma desgraça nunca vem só, a COFIDIS rescindiu o contrato com Lance, tendo passado por grandes dificuldades, ao ponto de ter que vender alguns dos seus pertences mais valiosos como o Porsche e até a sua casa esteve em risco.
Durante três anos, Armstrong lutou pela vida e venceu, conseguindo voltar às competições em 1999, tendo-se sagrado vencedor da Volta à França desse ano, já definitivamente curado.
A doença fez de Armstrong um atleta ainda mais forte e com mais poder de superação na dor e no sofrimento, ao ponto de afirmar que comparados com a sua doença, os Alpes são como uma pequena lomba na estrada.
A verdade é que o grande campeão norte-americano ganhou sete Tours consecutivos, entre 1999 e 2005, não dando qualquer chance aos seus adversários.
Das 11 participações na Volta a França, para além das sete vitórias, Armstrong venceu 22 etapas e conquistou 83 camisolas amarelas, tornando-se na maior lenda viva do ciclismo mundial ao destronar os maiores colossos da modalidade como Jacques Anquetil, Eddy Merckx, Bernard Hinault e Miguel Indurain, todos com cinco Tours conquistados.
Porém, o grande campeão Armstrong, depois de ter anunciado a sua retirada em 2005 e ter estado 3 anos sem competir, voltou de novo em 2009 à alta roda do ciclismo mundial e depois de ter ultrapassado algumas graves vississitudes, inclusive uma clavícula partida, decidiu participar no Tour, com 38 anos de idade, onde acabou por ter uma brilhante prestação, acabando classificado num honroso terceiro lugar.
Só um grande homem e um grande desportista seria capaz de enfrentar tão gigantesco desafio: enfrentar novamente adversários temíveis sem medo de fazer má figura.
Pessoalmente, fiquei muito satisfeito com o sucesso de Armstrong, o qual constitui um grande exemplo de força e perseverança para todo o Mundo, tanto na doença como no desporto.
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