sexta-feira, 8 de maio de 2009

O segredo está na escolha do treinador

O Sport Lisboa e Benfica deve uma boa parte dos seus fracassos desportivos nas últimas duas décadas, à má escolha dos treinadores, ao mau planeamento das épocas desportivas e à pressão que é exercida sobre técnicos e jogadores quanto à necessidade de obter bons resultados e ganhar títulos todos os anos.
Para a época 2008/2009, o Benfica foi à vizinha Espanha contratar Quique Flores, um técnico jovem e óptimo relações públicas que ainda nada tinha feito de extraordinário na sua curta carreira e que veio a demonstrar, ao longo da época, uma inabilidade chocante, na utilização dos jogadores que tinha à sua disposição, encostando os melhores às boxes e colocando outros a actuar fora dos seus lugares habituais, onde renderiam mais.
Por outro lado, não sei se por culpa dele ou dos dirigentes, foram dispensados do plantel, Léo, Nuno Assis, Makukula, Fábio Coentrão, etc., não esquecendo também a rábula punidora, protagonizada com Cardoso e os guarda-redes.
Léo, tinha sido na época anterior um atleta extraordinário, de grande fibra; Assis é um jogador polivalente que não sabe jogar mal e que o diga Cajuda que tem sido o abono-de-família da sua equipa; Makukula, um avançado possante, na zona da grande área que se fosse bem servido seria o terror das defesas adversárias; e Fábio Coentrão, para não falar de outros nomes, que é um jogador rápido e habilidoso, capaz de desequilibrar, em qualquer altura do jogo e finalizar uma jogada com êxito ou então assistir, na perfeição, os seus companheiros.
Na pré-época vi prestações muito conseguidas de alguns atletas que depois não tiveram oportunidade de demonstrar o seu valor. Até parece que os bons atletas que chegam ao Benfica, depressa perdem esse estatuto e se transformam em vulgaríssimos jogadores. Há que apurar de quem é a culpa de tão intrigante realidade.
Mas voltando ao tema que é o grande dilema do Benfica na escolha dos treinadores, mais uma vez tal situação ficou demonstrada com a contratação de Flores. Se o Benfica não tem situação económica para ir buscar os melhores da Europa e do Mundo, então há que apostar nos treinadores nacionais que são muito melhores, como ficou provado ao longo do campeonato, nos jogos disputados com as equipas orientadas pelos treinadores Paulo Bento, Jesualdo Ferreira, Manuel Machado, Jorge Jesus, José Mota, Domingos Paciência, Cajuda, Tulipa, etc., os quais deram enormes lições de táctica ao treinador do Benfica.
Mas os dirigentes do SLB andam a dormir na forma porque para além dos técnicos portugueses a trabalhar em Portugal, há muitos outros a actuar nos mais diversos pontos do Globo que têm obtido resultados extraordinários, demonstrado uma qualidade e uma competência ao nível dos melhores do Mundo e desses, podemos destacar Manuel José, José Couceiro, Bernardino Pedroto, Nelo Vingada e Augusto Inácio, entre muitos outros e qualquer deles tinha obtido melhores resultados que o espanhol ao serviço do Benfica.
Deste lote de técnicos, eu apostaria em Manuel José, um veterano e experiente treinador, conhecedor profundo da sua profissão. Se os dirigentes do Benfica estão interessados em ver o Benfica ganhar títulos, vão buscar Manuel José e dêem-lhe dois anos para o conseguir.
Deixem-se de estrangeirada de fraca qualidade e dêem valor ao que é bom e nacional. Ao longo desta época desportiva eu vi erros tácticos de palmatória, erros primários que só um cego ou um mau treinador não viam.
A pouca utilização do Cardoso, o homem-golo do plantel do Benfica, o melhor marcador da época anterior, foi terrivelmente penalizante. Com ele em campo, a equipa teria marcado mais golos e vencido mais jogos.
A colocação do Ruben Amorim fora da sua posição natural, foi também uma azelhice do treinador que muito prejudicou o colectivo e um melhor aproveitamento das suas características.
E até Di Maria que tem características extraordinárias e potencialidades reconhecidas, não foi capaz de se afirmar no plantel desenhado pelo espanhol.
E finalmente, uma palavra para dizer que o treinador não foi capaz de ver que o Sidney tem lugar de caras na equipa e que devia ter sido incentivado e acarinhado e não posto de parte como aconteceu algumas vezes. O Sidney é um defesa seguro, sabe sair a jogar com bola, sabe servir os companheiros em tempo oportuno e é um perigo na grande área contrária, sempre que há marcação de cantos e livres.
Este treinador cometeu uma série de trapalhadas que sinceramente me obrigam a dizer que não serve para treinar o Benfica e se ficar mais um ano, vai ser penoso, porque vamos assistir repetidamente aos mesmos erros, fracassos e desilusões.
Para inverter esta confrangedora situação, têm a palavra e a responsabilidade, o Presidente e o Director Desportivo do SLB.

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